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A genética é importante, mas, se os fatores de risco cardiovascular forem cuidados, a mortalidade diminui

9 de abril de 2019

O cardiologista Valentín Fuster (Barcelona, 1943) estreou o auditório que leva seu nome dando um curso sobre enfermidades cardiovasculares, organizado pela Universidade Internacional Menéndez Pelayo. O especialista, diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisas Cardiovasculares Carlos III (CNIC), da Espanha, e diretor do Instituto Cardiovascular do hospital Mount Sinai, de Nova York, defendeu uma grande mudança na abordagem das enfermidades cardiovasculares, principal causa de morte nos países desenvolvidos.

“Prevenir” e “educar”, repete o médico sem parar. Cardona, aliás, é um exemplo das duas coisas. O município, de apenas 5.000 habitantes, se empenhou na promoção da saúde e adotou a iniciativa Cardona Integral, onde toda a promoção social e econômica da cidade gira em torno dos cuidados com a saúde.

Depois de uma longa carreira lutando contra as enfermidades cardiovasculares, Fuster trava agora uma de suas maiores batalhas. “Minha obsessão é a gente jovem. O que estamos fazendo atualmente é mudar uma cultura: promover a saúde e criar motivação entre os jovens”, sustenta, com firmeza. O caminho deve ser longo, mas o médico não retrocede em seu empenho.

As enfermidades cardiovasculares estão aumentando, o que significa que são um problema em muitos níveis. O primeiro é econômico: as pessoas vivem mais tempo porque tratamos melhor, mas os medicamentos são muito caros, e será muito difícil manter o financiamento de um sistema de saúde simplesmente entrando na doença quando for muito tarde. A tendência agora, por razões econômicas, é identificar pessoas em risco e promover a saúde dos indivíduos mais jovens.

Trabalhamos em compreender o que é a saúde. Sabe-se mais da doença que da saúde. Tentamos saber quais são as características científicas que mantêm a saúde. O aspecto econômico está ditando o rumo: será mais econômico e barato poder identificar as pessoas antes, em idades mais precoces, e promover a saúde entre as crianças.

Não somos muito responsáveis por nossa saúde, individualmente falando. Estamos numa sociedade de consumo onde é mais fácil não se cuidar do que se cuidar.

Agora estamos usando tecnologias de imagem para identificar quem já tem a doença ou risco cardiovascular, para alterar seus fatores e seus hábitos. E quando um indivíduo sabe que está desenvolvendo a doença, vemos como ele pode modificar os fatores de risco. O problema é que isto é muito complexo nos adultos, porque não mudamos facilmente de hábitos, mesmo sabendo que temos a doença.

Os hábitos podem mudar, mas é muito difícil nos adultos. Fizemos dois projetos nos quais vimos que o espírito de comunidade é absolutamente crucial. Por exemplo, fazemos reuniões como as dos alcoólicos anônimos para outros temas de saúde.

Mas não podemos confundir a tecnologia com a relação médico-doente, que é fundamental. Você precisa conversar com o paciente. Não se pode achar que a profissão médica é uma profissão técnica, porque não é assim.

A consulta médica é insubstituível assim como a relação médico – paciente.

FONTE: JORNAL EL PAÍS.

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