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Dormir menos de seis horas aumenta o risco de doenças cardiovasculares

7 de abril de 2019

O estudo ainda revelou que dormir mais de oito horas por noite também pode trazer riscos para o coração, especialmente para as mulheres.

Indivíduos que dormem menos de seis horas por noite apresentam risco 27% maior de desenvolver aterosclerose – condição caracterizada pelo acúmulo de placa de gorduras e outras substâncias nocivas nas artérias –, indica estudo publicado no Journal of American College of Cardiology (JACC). Resultados semelhantes foram encontrados para quem sofre de má qualidade do sono, como acordar frequentemente durante a noite. Estes apresentam um risco 34% maior.

Outra descoberta mostrou que também existe maior probabilidade de aterosclerose para pessoas – especialmente mulheres – que dormem mais de oito horas por noite. “Doenças cardiovasculares são um grande problema global, e estamos tentando preveni-las e tratá-las usando várias abordagens, incluindo fármacos, atividade física e dieta. Mas este estudo enfatiza que temos que incluir o sono como uma das armas para combater esses problemas”, comentou José Ordovás, principal autor da pesquisa, ao site especializado Medical News Today.

A equipe ainda observou que indivíduos que desfrutam menos horas de sono por noite estão mais propensos a ingerir mais bebida alcoólica e cafeína. Apesar de muitas pessoas acreditarem que o álcool ajuda a dormir, a substância, na verdade, atrapalha os estágios essenciais do sono que garantem o descanso necessário para o organismo. Já os efeitos da cafeína dependem do organismo da pessoa. “Se você metabolizar o café mais rápido, isso não afetará o sono, mas se metabolizá-lo lentamente, a cafeína pode afetar o sono e aumentar os riscos de doenças cardiovasculares”, observou Ordovás. Este é o primeiro estudo a revelar que o sono está associado à aterosclerose em todo o corpo, não apenas no coração.

Para chegar a esses resultados, os pesquisadores analisaram dados médicos de 3.974 indivíduos, com idade média de 46 anos, coletados através do estudo Progression of Early Subclinical Atherosclerosis (PESA), que registra a prevalência e taxa de progressão de problemas vasculares nos participantes. Nenhum dos indivíduos selecionados tinha diagnóstico de doença cardíaca no início da pesquisa.

Para verificar lesões vasculares, os participantes fizeram ultrassom cardíaca em 3D – que mediram os níveis de aterosclerose em todo o corpo – e tomografia cardíaca. Os voluntários ainda utilizaram um dispositivo que ajudou a registrar os padrões de sono durante sete dias. Através das informações coletadas pelo equipamento, foi possível separá-los em quatro grupos: aqueles que dormiam menos de seis horas, os que dormiam de seis a sete horas, indivíduos que dormiam de sete a oito horas e as pessoas que dormiam mais de oito horas.

Depois de excluir outros fatores de risco para doenças cardíacas, os pesquisadores concluíram que pessoas que dormem pouco e têm má qualidade de sono apresentam maior risco de desenvolver aterosclerose. No entanto, de acordo com Valentin Fuster, editor-chefe do JACC, é possível superar os efeitos prejudiciais provocadas pelo menor tempo de sono, desde que ele seja de boa qualidade.

Estudos anteriores já haviam mostrado que a falta de sono eleva os riscos de outros problemas que podem causar doenças cardíacas, como hipertensão, inflamação e obesidade. Já a equipe  apontou que até mesmo dormir muito (mais de 8 horas por noite) pode trazer prejuízos para a saúde cardiovascular, especialmente para as mulheres. “Provavelmente, o ponto ideal para a duração do sono é de cerca de sete a oito horas, mas é preciso dizer que qualidade do sono é muito importante”, disse Deepak Bhatt, do Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos, à CBS News.

Além de prejudicar a saúde, dormir pouco pode incitar outros hábitos que trazem mais prejuízos, como ingerir muito café (e outras bebidas com cafeína) e/ou álcool. “Muitas pessoas pensam que o álcool é um bom indutor de sono, mas não é verdade. Quem bebe álcool pode acordar depois de um curto período de sono e ter dificuldade em voltar a dormir. Caso volte a dormir, muitas vezes é um sono de má qualidade”, alertou Ordovás. Além disso, o álcool eleva o risco de uma série de outras condições de saúde, incluindo câncer.

Já no caso da cafeína, as consequências dependem da composição genética do indivíduo: se ele é capaz de metabolizar a substância rapidamente, o sono não será afetado. Por outro lado, se a metabolização for mais lenta, há riscos para o sono e para doenças cardiovasculares.

Por isso, a recomendação é que, a qualquer sinal de dificuldades para dormir, as pessoas procurem a ajuda de especialistas para garantir uma boa noite de sono e evitar problemas de saúde graves.

Fonte: Revista Veja

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