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Alimentação e Colesterol … Entenda e Previna-se!
8 de abril de 2019O colesterol é uma gordura muitas vezes vista como prejudicial e que ameaça a boa saúde do sistema cardiovascular. Mas a verdade é que isso só acontece se o colesterol se encontrar em níveis elevados no organismo, pois em níveis aceitáveis o colesterol é uma substância essencial e benéfica para o seu bom funcionamento. O colesterol é fundamental para a produção de vitamina D, que aumenta a absorção intestinal de cálcio e intervém na regulação do humor, de ácidos biliares que auxiliam a digestão, e na produção de diversos hormônios como os hormônios sexuais e o cortisol. Tem também uma importante função estrutural, encontrando-se presente nas membranas de todas as nossas células. O colesterol é produzido pelo nosso organismo e deve também ser obtido através da alimentação.
O problema começa quando os níveis de colesterol – tanto Total como LDL – se encontram elevados. As LDL são substâncias transportadoras de uma grande quantidade de colesterol do fígado – onde é produzido – para os tecidos dos músculos e dos órgãos para que este possa ser utilizado. Se estiverem em excesso, podem acumular-se nas paredes dos vasos sanguíneos e começar a desenvolver um processo inflamatório. São por isso normalmente chamados de “mau colesterol”. As HDL, por sua vez, são substâncias transportadoras de uma pequena quantidade de colesterol dos tecidos e dos vasos novamente para o fígado – desta vez para ser eliminado. Funcionam como “agentes de limpeza” do organismo no que toca ao colesterol e são comumente chamadas de “bom colesterol”. Ambas são necessárias, mas em quantidades adequadas.
Os valores de LDL são considerados adequados quando são inferiores a 115mg/dl, enquanto que os valores de HDL devem ser superiores a 35mg/dl nos homens ou 45mg/dl nas mulheres para que desempenhem um efeito protetor a nível cardiovascular. Os níveis de colesterol total devem situar-se abaixo de 190mg/dl. Para doentes de risco (com patologias cardiovasculares, diabetes ou insuficiência renal) os valores de LDL, HDL e colesterol total mudam para 100mg/dl, 40mg/dl e 175mg/dl, respectivamente.
Quando o colesterol total e o colesterol LDL se encontram elevados, aumenta o risco da sua deposição na parede dos vasos sanguíneos, desencadeando um processo inflamatório que tende a aumentar a deposição de mais colesterol e mais substâncias circulantes nesse local. A este processo dá-se o nome de aterosclerose. A aterosclerose está na origem de vários problemas cardiovasculares, tais como hipertensão, insuficiência cardíaca, angina de peito, enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e trombo, uma vez que o processo inflamatório tende a agravar-se e a perturbar o normal funcionamento do sistema circulatório. A formação da placa aterosclerótica aumenta a rigidez dos vasos sanguíneos e diminui o seu calibre, onde a circulação sanguínea é dificultada e o coração necessita de realizar um maior esforço para que o sangue chegue até aos tecidos. A incapacidade do coração conseguir um afluxo de sangue adequado até aos órgãos pode comprometer o seu funcionamento, incluindo o do próprio músculo cardíaco, quando não é suficientemente irrigado, provocando dores no peito. Se a placa aterosclerótica obstruir totalmente os vasos sanguíneos, pode provocar derrames, rompimento dos vasos sanguíneos ou a formação de trombos e a sua migração para outras partes do corpo.
Estas doenças são a principal causa de morte no mundo. Estima-se que dois terços da população adulta têm o colesterol elevado. Para evitar eventos cardiovasculares, é necessário prevenir esta situação. Se, por um lado, existem fatores de risco incontornáveis, como a hereditariedade e o aumento da idade, existem outros associados a estilo de vida e que dependem do controlo individual, como maus hábitos, sedentarismo e má alimentação.
Prevenção e Tratamento com a Alimentação.
No que se refere à alimentação, o consumo de grandes quantidades de gordura saturada e gorduras trans é o principal fator responsável pelo aumento dos níveis de colesterol.
A gordura saturada está presente em alimentos de origem animal, como carne (sobretudo de animais ruminantes, como bovinos, borrego e cabrito) e derivados (chouriço, farinheira, morcela e produtos semelhantes), vísceras, laticínios, manteiga, e ainda em produtos de pastelaria e confeitaria. Aparece também em diversos produtos processados, juntamente com as gorduras trans, como bolachas, chocolates, snacks doces e salgados, molhos e produtos de fast food (pizzas, hambúrgueres, sopas e refeições pré-feitas e congeladas). As gorduras trans aparecem também em gorduras vegetais modificadas para se apresentarem na forma sólida à temperatura ambiente, como alguns tipos de margarina (utilizados para fins industriais e não as margarinas de consumo direto). Estas gorduras simultaneamente aumentam a taxa de formação de LDL (colesterol ruím) e reduzem a sua taxa de destruição, aumentando significativamente os seus níveis plasmáticos bem como o risco de aterosclerose e doenças derivadas. As gorduras trans diminuem ainda a formação de HDL (colesterol bom).
O consumo de grandes quantidades de gordura saturada vem muitas vezes associado a um reduzido consumo de fibras e gorduras insaturadas, e a um elevado consumo de açúcares simples. A fibra está presente na fruta, nos vegetais, nas leguminosas e nos cereais integrais, e não só auxilia no controlo do apetite e numa ingestão alimentar mais controlada qualitativamente e quantitativamente, como aumenta a excreção de colesterol a nível intestinal. As gorduras insaturadas, presentes ao nível do azeite, óleos vegetais, sementes, frutos oleaginosos e peixes gordos, estão ligadas à redução dos valores de LDL e ao aumento dos valores de HDL. Os açúcares simples estão presentes em muitos alimentos, desde fruta, mel e laticínios, aos produtos processados acima descritos; normalmente em dietas ricas em gordura saturada e trans o elevado consumo de açúcares simples provém maioritariamente deste último grupo de alimentos.
Para conseguir reduzir o colesterol, devemos então:
- Aumentar o consumo de vegetais
- Garantir o consumo de 2 a 3 porções de fruta por dia
- Trocar os cereais e derivados de cereais refinados por versões integrais
- Aumentar o consumo semanal de peixes gordos e diminuir o consumo de carne, preferindo as carnes “brancas” e sempre retirando a pele e toda a gordura visível
- Incluir na alimentação sementes, frutos oleaginosas e leguminosas
- Preferir o azeite, óleos vegetais e cremes vegetais em detrimento da banha e manteiga
- Evitar a ingestão de produtos de pastelaria e confeitaria, snacks doces e salgados e de outros produtos processados ricos em gordura saturada,trans e açúcares.
Para um melhor controle dos níveis de colesterol, deve fazer análises periodicamente e analisar os valores de colesterol total, LDL e HDL, verificando se, se encontram dentro dos valores considerados adequados ou se as alterações no estilo de vida já surtiram mudanças positivas nestes valores. Para além das alterações alimentares referidas, deve também moderar o consumo de álcool, evitando a ingestão frequente de mais de uma ou duas doses diárias, e cessar hábitos como o fumo, caso os apresente. Deve igualmente garantir entre 7h a 8h horas de sono diárias, prática regular de exercício físico, além do controle frequente do peso corporal, reduzindo ou mantendo o peso dentro dos valores aceitáveis para a altura e estrutura corporal.
Fonte: Revista Boa Forma